quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Sexta Aula

No sexto encontro (30/09/2011) lemos o mapeamento do desenvolvimento musical criado por um professor da Universidade de Madri que parte da percepção, que a forma como o aluno e percebe e compreende a música e expressão, que é a forma como o aluno se expressa.

O autor fala de aspectos evolutivos gerais de crianças dos seis aos oito anos:

-Idade da operatividade mental.
-Fácil adaptação á novas situações.
-Maior capacidade de aceitação do meio, que favorece o início das relações de cooperação.
-Aumenta o sentimento de pertencimento ao grupo e diminui a dependência em relação aos adultos.
-Separação entre meninos e meninas.
-Aparece a consciência de interiorização de normas.
-Necessita de êxito para motição.
-Imita e interioriza modelos de conduta.
-O pensamento é mais reversível, pode comparar uma parte com outra e a parte com o todo, faz relações entre objetos.
-Apresenta dificuldade em abstrair.










E aspectos evolutivos em relação á educação musical:

-A expressão vocal é mais rica, pois há uma ampliação e extensão vocal.
-Gostam de canções com humor e paródias.
-Quanto ao desenvolvimento ritmíco é possivel sincronizar de forma perfeita os movimentos das mãos e dos pés com a música e coordenar os sons simultâneos.
-Mostra grande tendência em acelerar os tempos ritmícos.
-Gosta muito de tocar instrumentos de percussão.
-Pode interpretar e reconhecer a duração das figuras e o silêncio.
-Manifesta uma atitude receptiva diante da música e já é capaz de fixar temas e intelectualizar estruturas de conjunto, fixar atenção e concentração.
-Aceita a linguagem musical cantando e tocando instrumento.
-Na percepção polifônica, discrimina melhor os agudos que os graves.
-Reconhece um esquema de tonalidade simples e percebe o caráter inacabado de uma frase ritmíca.
-Apresenta grande disposição e imaginação musical.
-Tendência á dramatização de todo o tipo de situação por meio de gestos e palavras ao interpretar canções.
-Nascimento de uma postura contemplativa de apreciação musical.










Devemos sempre levar em consideração o contexto dos alunos, pois esses aspectos podem variar dependendo do ambiente em que o aluno está inserido. E essas características serão desenvolvidas ou não, dependendo do estímulo que a criança recebe.

Neste momento, a professora Denise mostrou vídeos com seus alunos:

O primeiro vídeo mostrou o trabalho com sinos. Cada sino tinha o som de uma nota da escala de dó e a professora Denise propôs que as crianças organizassem esses sons da escala, percebendo quais eram os mais graves e mais agudos. Esta proposta é bem significativa e é uma ótima sugestão para trabalharmos com as crianças, pois através de hipóteses, erros e acertos elas constroem o conhecimento das notas, das alturas e do movimento ascendente da escala.










O segundo vídeo mostrou  a sonorização da música noite no castelo com imagens correspondentes. Os alunos da Denise cantaram e sonorizaram a música Noite no Castelo, depois a professora com auxílio de outra pessoa buscou imagens que correspondiam á esses sons. Podemos trabalhar histórias sonorizadas em sala de aula e buscar imagens que correspondam a essa sonorização com os alunos.










O terceiro vídeo mostrou a sonorização dos elementos da natureza. A professora fez um pequeno passeio com seus alunos para ver que sonoridades a turma identificava na natureza. Os alunos pegaram alguns materiais presentes na natureza que produziam sons, tais como folhas. Levaram esses materiais para a sala e colocaram em cima de um papel pardo, o próximo passo foi a exploração de sonoridades e a partir disso os alunos e a professora criaram uma história e a história foi sonorizada com os materiais explorados.









Refletimos nesse momento, que toda prática do professor de música também envolve aspectos extra musicais, que é o convívio, a construção de normas e valores, a socialização. Não podemos achar que a única forma de se construir conhecimento está baseada exclusivamente no contéúdo. O aluno é um todo e é importante considerar isto.

Depois disso, a professora falou de uma formação e estruturação de blocos de conteúdos da Universidade de Madri, Maura Penna em seu livro Música na Escola trás a explicação deste sistema. Podemos analisar esse material e pensar de que forma ele poderia se adaptar a nossa realidade. Os blocos de conteúdos são dividos da seguinte forma:

Educação vocal e canto
Educação instrumental
Linguagem musical
Linguagem corporal
Artes e cultura

É uma idéia abrangente e interessante para se pensar em uma estrutura.

Na segunda parte da aula, nos reunimos em grupos divididos por textos e ocorreu a apresentação destes textos. Apresentarei uma síntese de cada um deles.

1- Sopa de letrinhas: notações analógicas (des)construindo a forma musical de Cecília Cavalieri França

A autora escreve sobre o registro da partitura analógica. Partindo desta proposta, os colegas que apresentaram este texto, entregaram uma folha para cada aluno da pós e pediram que registrassemos de forma analógica o que eles iriam tocar. Foram realizados cinco ditados. O primeiro ditado foi o tema da quinta sinfonia de Beethoven; o segundo ditado foi a execução da escala de dó maior em movimento ascendente e descendente, de forma ligada, ou seja sem interrupções nos sons; o terceiro ditado foi execução da escala de dó maior em movimento ascendente e descendente em staccato, que designa um tipo de articulação na qual as notas são tocadas com suspenções entre elas, ou seja, notas curtas; o quarto ditado foi o canto de um trecho da música 'Bambalalão' e o quinto ditado foi a fala da seguinte frase: "tic tac, tic tac, tic tac, tic tac, TRIM" crescendo em intensidade. Depois de todos registrarem, os colegas pediram que partilhassemos com a turma a forma como registramos esses ditados, estabelecendo similaridades e diferenças nos resultados. A autora do texto diz que a notação musical analógica constitui um recurso facilitador da criação, da performance, da escuta, da análise e da compreensão musical. A primeira forma de trabalhar as alturas com as crianças geralmente é com a partitura analógica, como uma parte preliminar da leitura e da escrita musical, depois o professor conduz seus alunos até a partitura convencional e raramente volta á partitura analógica. Porém a partitura analógica trabalha muito a criatividade e hipóteses de escrita. Pensando na atividade realizada, refletimos que cada ditado possuia uma diversidade de elementos e de que é possível avaliar os alunos através disso analisando o quanto eles conseguem perceber desses elementos e quais eles percebem primeiro.









2- Cadernos de música: um registro e muitas avaliações de Luciana Aparecida Schmidt dos Santos, Miguel Pereira dos Santos Junior e Cleusa Erilene dos Santos Cacione

As autoras buscaram organizar e sistematizar escrita e sonoramente o que é realizado durante o bimestre com seus alunos do ensino fundamental. A proposta foi organizar atividades que respeitassem as fases do desenvolvimento dos alunos de primeira á oitava série. Foi montado um caderno com atividades que direcionam  o professor de música nos objetivos traçados pelo pleno de curso da escola, pelos PCN's, pela história da educação musical e da música, pelo desenvolvimento musical de cada idade e pelos imprevistos do cotidiano escolar trazendo atividades em aberto para escolha do professor. Foram construídos cadernos em preto e branco para que os alunos colorissem, fizessem colagens e desenhos que demonstrassem sua individualidade. O caderno também veio com um CD virgem de acompanhamento para que os alunos recebessem atividades, gravações ou parte do desenvolvimento das aulas. Os autores buscaram fundamentação em Swanwick que observou e constatou  que o desenvolvimento musical das crianças acontecem por estágios sequenciais, que possuem duas fases cada um deles, e que tais fases são cumulativas e construídas pelo índivíduo. O objetivo geral das aulas das autoras e, consequentemente, dos cadernos e das gravações é: desenvolver a musicalidade dos alunos através de vivências e atividades teóricas e práticas sobre o tripé execução, criação e apreciação musical. E cada caderno traz objetivos específicos com as particularidades de cada série e aluno. Achei a proposta rica e acredito que os professores de música devem se permitir realizar esses registros abertos, que dão espaço para o aluno se manifestar e aprender de forma criativa e espontâne, ajudando seus alunos a compilarem o que vivenciam nas aulas. O único cuidado que devemos ter é de não engessar os conteúdos e atividades.










3- Flauteando e criando: reflexões e experiências sobre criatividade na aula de música de Luciane Cuervo e Juliana Pedrini

As autoras falam no texto da importância da flauta doce. Inicialmente elas abordam o que é criatividade dizendo que é uma capacidade que pode ser desenvolvida de criação, por exemplo e não é um dom. O processo da criatividade prioriza o que o aluno está desenvolvendo, ou seja, o processo e não o resultado. Elas fazem uma problematização dizendo que nas escolas, muitas vezes, a música é usada como entreterimento e não para trabalhar a expressão musical, seus conceitos e suas vivências. A sugestão é que se proporcione uma construção do desenvolvimento musical rica em experiências e reflexões sem deixar de atender a expectativa do grupo de crianças e comunidade escolar. As autoras trazem sugestões de atividades e se fundamentam nas idéias de Swanwick. No decorrer do texto, elas dão um conceito para palavra musicalidade que é a capacidade de gerar sentido através do fazer musical expressivo e apresentam cinco fatores que influenciam na aquisição da musicalidade: construção do repertório; acesso á tecnica, leitura e criação musical; prática coletiva; apresentações e contexto socio-cultural favorável. Depois, as autoras falam especificamente sobre a flauta dizendo que é um instrumento de transição, rico em potencial didático, que a onda sonora de frequência dele é pura, que é de fácil iniciação, que tem um grande potencial artístico, que é de fácil integração com os outros instrumentos, que existe um amplo repertório para estudo e que é acessível.









4- Um estudo comparativo entre apreciação musical direcionada e não direcionada de crianças de sete a dez anos em escola regular de Karla Jaber Barbosa e Maria Cecília Cavalieri França

A apreciação não direcionada é quando o aluno ouve uma música e não ocorre nenhuma intervenção do professor e a apreciação direcionada é quando o professor intervém na escuta conduzindo a atenção do aluno para os elementos presentes na música. As autoras se fundamentam na teoria espiral de Swanwick e trazem o conceito da zona de desenvolvimento proximal de Vygotsky, que trata dos alunos que estão em um nível de maturidade e que recebem uma influencia de um colega ou professor com maior experiência, sendo levados a patamares mais elevados de conhecimento. As autoras realizaram uma pesquisa com crianças de sete á dez anos em uma escola regular para comparar o desempenho de alunos em tarefas de apreciação musical antes e depois da interferência do professor utilizando a música 'Arre Burrinho' do folclore português com o arranjo do grupo Rodapião. Os resultados da pesquisa mostraram que quando houve interferência do professor, os alunos revelaram uma compreensão musical mais refinada.










5- Práticas para o ensino da música nas escolas de educação básica de Luis Ricardo Silva Queiroz e Vanildo Mousinho Marinho

No primeiro momento, os autores trazem um histórico da educação musical no Brasil, falam da LDB e do enfoque das escolas nas artes plásticas deixando de lado a música, a dança e o teatro. Com a nova lei 11.779 da obrigatoriedade do ensino de música nas escolas, a música está voltando aos currículos. Os autores trazem questões da preparação dos professores e trazem uma série de objetivos para se trabalhar na escola e para cada objetivo um exemplo de atividade. Dentre eles estão: criar, interpretar, vivenciar e ensinar música; a construção musical a partir de paisagens sonoras trazendo o exemplo de uma composição sobre uma feira. Os autores falam da valorização do que o aluno já conhece do folclore e da cultura. Nas considerações finais, eles dizem que o compromisso da escola e da música na escola é propiciar ao indivíduo uma formação ampla e plena para que ele possa viver e atuar em sintonia com as necessidades, características e valores do mundo que o rodeia.








Após as apresentações dos textos, encerrou-se a aula.

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